25 de maio de 2005

A CONSPIRAÇÃO DOS SOBREIROS

O grupo (momento de persignação) Espírito Santo, gastou hoje 2 páginas do Público (com este dinheiro montava uma peça de teatro... - suspiro - ou pelo menos poderia pensar quanto custará subornar um funcionário da câmara para que nãose esforce tanto em impedir que se façam espectáculos não-subsidiados...- enfim, adiante...) para "provar a sua boa-fé". Adiante-se já, à laia de aviso, que o anúncio termina com alusão ao destino dos que se atreveram a cutucar a onça: "Pouparemos os seus nomes à irrisão pública que merecem, e confiaremos que os Tribunais, a quem serenamente os entregaremos, farão JUSTIÇA."
Gosto do "serenamente", que não via desde os tempos da Inquisição, onde todos os que chateavam a mona aos poderosos eram entregues "serenamente" à tortura e à morte. As maiúsculas de "JUSTIÇA", também têm o seu quê de poético.

Sobre o caso dos sobreiros "alentejanos", segundo Santana Lopes (na entrevista à RTP 1, manifestou sobre esta questão o seu amor à natureza e "ao Alentejo", que como se sabe, teria de se esticar para tocar em Benavente... Mas a ignorância deste burro-vestido (em sentido restricto) é tanta que nem vale a pena comentar...), lemos um grito de revolta. A mesma que foi sentida em 1975 quando se transformaram nas "vítimas de Abril", como agora é moda dizer-se.
Breve: a coisa terá sido toda útil, maravilhosa para a região e o que são 3000 sobreiros (o previsto) no meio de uma mata com 35000?
Fiquemo-nos apenas com este naco de prosa:
"O projecto PORTUCALE envolve a criação de pelo menos 400 novos empregos. A área de implantação do projecto, anteriormente, dava trabalho a um pastor e um cão durante seis meses por ano e a meia-dúzia de corticeiros de 9 em 9 anos". Para quem não saiba... a cortiça é retirada ALTERNADAMENTE em espaços temporais entre 7 a 9 anos. Ou seja, para 35000 sobreiros seria qualquer coisa como retirar a cortiça a cerca de 5 mil sobreiros por ano. O que era capaz de dar trabalho a um pouco mais de 6 pessoas, todos os anos... Digo eu, contas por alto...

"A água necessária para regar os golfes já instalados daria(...) para regar um campo de milho de 30 hectares (...) A receita de um campo de milho dessa dimensão poderá ser no máximo de 40.000 euros por ano, gerando cerca de 0, 5 (????) empregos ano. Estes valores comparam com uma receita mínima de 600.000 euros/ano na exploração do golfe e com a criação de centenas de empregos permanentes directos e indirectos".
Eu por mim, fiquei convencido. Mais: se houve gente do PP a mexer cordelinhos para que projectos tão altruístas fossem aprovados, Deus e o Papa os protejam. Que se lixe a ecologia e a lei... ora a lei... Que se abata serenamente!

Sem comentários: